- Jul 2022
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Pesquisando este tema há alguns anos, estimamos que cerca de 15 milhões de famílias brasileiras empregam algum tipo de trabalhadores/as domésticos/as, seja mensalista ou diarista. O isolamento social colocou ainda outras questões. Nos estratos de renda média, as tarefas relativas aos cuidados e afazeres domésticos eram divididas entre as mulheres da família e as trabalhadoras domésticas remuneradas. Esta rotina foi alterada pela pandemia e as famílias se viram na dura posição de assumir o risco e manter o/a trabalhador/a doméstico/a ou assumir mais estas responsabilidades ,além do trabalho remoto, o auxílio com as aulas on-line das crianças e o cuidado das pessoas idosas ou enfermas da família. 120
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E, por fim, o fechamento de creches e escolas e o isolamento social fizeram com que recaísse totalmente sobre as famílias as tarefas de cuidados, incluindo as tarefas domésticas, os cuidados dispensados às pessoas de alguma forma dependentes, acrescido do auxílio às crianças em aprendizado à distância. Como cultural e socialmente as tarefas de cuidado são vistas como trabalho feminino, as mulheres foram mais sacrificadas com o acúmulo de tarefas. 106.
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Nesse sentido, as mulheres em idade ativa dividem-se entre o trabalho de cuidado na família e o mercado de trabalho, onde tem menor participação que os homens, caracterizando uma situação de maior dependência econômica do sexo feminino. O reconhecimento da necessidade do trabalho de cuidado e sua essencialidade à reprodução da vida e geração de bem-estar é importante para que, deum lado, as políticas públicas incluam os recortes de gênero e raça como base de decisão e, de outro lado, precisamos de mudança na posturasocialemrelaçãoaotrabalhoditofeminino,oqueenvolvemudançasculturais com a participação igualitária de homens e mulheres na divisão do trabalho não remunerado, o que demanda esforço educacional e conscientizaçãosocial.
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ÉprecisoqueosEstadospriorizemasmulheresnosprocessosdeformulação, implementação e avaliação de políticas públicas, em particular políticas de emprego, inclusãosocialereduçãodapobreza.Oimpactoeconômicoprovocadopelapandemia podeterefeitorelevantesobreduasdasprincipaisocupaçõesfemininas,trabalhadora doméstica e cuidadora, e pode significar um impulso a mais para o empobrecimento das famílias de menor renda.
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Nos estratos de renda média, as tarefasrelativasaoscuidadoseafazeresdomésticoseramdivididasentreasmulheres da família e as trabalhadoras domésticas remuneradas. Esta rotina foi alterada pela pandemia e as famílias se viram na dura posição de assumir o risco e manter o/a trabalhador/adoméstico/aouassumirmaisestasresponsabilidades,alémdotrabalho remoto, o auxílio com as aulas on-line das crianças e o cuidado das pessoas idosas ou enfermas da família.
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Trabalhadores/as domésticos/as ainda eram, até 201915, um dos maiores contingentes de trabalhadores nacionais, representando 6,3 milhões de trabalhadores/as, ou cerca de 14,6% dos trabalhadores nacionais, sendo que 92,4% são mulheres.
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Um dos temas que esta pandemia também trouxe à tona foi a dimensão da divisão sexual do trabalho em relação ao trabalho não-remunerado, cuidados e afazeres domésticos, realizados para a reprodução da vida no interior das famílias
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Segundo dados da PNAD Covid (IBGE, 2020), 5,2% dos domicílios (cerca de 3,5 milhões) sobreviveram apenas com o auxílio emergencial que, em média, aumentou em 95% a renda habitual, com maior impacto nas famílias de menor renda. O auxílio emergencial compensou cerca de 45% do impacto da pandemia sobre a massa salarial e 67% da perda de massa salarial das pessoas que continuaram empregadas (IPEA, 2020)
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Nesse sentido, uma contribuição importante de políticas públicas para aumentar a renda média das mulheres é através da oferta de creches e escolas de ensino fundamental de tempo integral, principalmente para as famílias de menor renda. A creche e a escola integral permitem que as mulheres trabalhem em empregos de tempo integral, aumentando a possibilidade de conseguirem emprego formal e terem melhoria de renda, com maior acesso às redes de proteção laboral oficiais.
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O impacto do distanciamento social foi mais significativo nos setores e atividades que envolviam contato direto entre pessoas, com destaque para osetordeserviços,comasatividadessendointerrompidaseváriosestabelecimentos ficaram fechados
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Mesmo antes da pandemia, a crise econômica já havia provocado o deslocamento da mão de obra do trabalho formal (com carteira assinada) para o informal(comomostraográfico5).Osdadosmostramque,em2017,82%dosnovos postos de trabalho foi ocupado por mulheres pretas/pardas, sendo que grande parte delas (71,2%) estava trabalhando em serviços domésticos remunerados sem carteira assinada e as demais eram trabalhadoras por conta própria (como ambulantes e cuidadoras).
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Eumadasrazõesdeasmulheresdedicaremmenos horas ao trabalho remunerado é a necessidade de cumprirem as tarefas de cuidado dafamília.Paraajustaracargahoráriadetrabalhoremuneradocomadetrabalhonão remunerado, uma solução comum é assumir trabalhos de horário flexível ou de meio expediente, o que acarreta desvantagens para as mulheres na competição por maiores salários e melhores cargos no mercado de trabalho
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uando se comparam apenasas horas-semanais despendidas nos serviços domésticos, as mulheres aumentaram em cinco horas a jornada de trabalho não remunerado entre 2004 e 2015, chegando a 20,5 horas-semanais, enquanto os homens mantiveram, a mesma média, de 10 horas-semanais ao longo do tempo, como explicitam os gráficos 3 e4.
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No Brasil, esta sobrecarga é mostrada quando se compara as jornadas de trabalhos de ambos os sexos: a jornada de trabalho total dos homens (trabalho principal mais afazeres domésticos) foi de 53,1 horas-semanais em 2004, tendo reduzido para 50,5 horas-semanais em 2015; enquanto para as mulheres, a jornada total foi de 57,2 horas-semanais em 2004 e de 55,1 horas-semanais em 2015.
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A perspectiva teórica da economia feminista7 agrega o conceito de divisão sexual do trabalho e denuncia o problema da invisibilidade do trabalho não remunerado, que engloba as tarefas relacionadas aos cuidados, necessárias à reproduçãodavidaeaobem-estar,realizadasmajoritariamentepormulheresemprol dos demais membros da família
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De forma geral, as mulheres frequentemente ocupam menoscargosdechefiaegerência.Ouseja,apesardoaumentodoníveleducacional das mulheres, persiste uma sociabilidade entre as pessoas que molda o comportamento homens/meninos e mulheres/meninas e se traduz em desigualdade de gênero, também no mercado de trabalho
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O trabalho está na base da produção do viver em sociedade, sendo um mediador das relações sociais. No século XX a vida das mulheres teve muitas transformações relativas à forma de engajamento delas na sociedade. No Brasil, desde o final dos anos 1980 as mulheres mantêm uma média de anos de estudos superior à média dos homens, mas isso não se refletiu em igualdade de participação ou de remuneração no mercado de trabalho, o que mostra que a diferença de rendimentos entre homens e mulheres vai além da qualificação (MORANDI e MELO, 2019). De forma geral, as mulheres continuam mais presentes que os homens nas atividades de cuidados, remuneradas ou não.
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Mas, se ainda é possível falar de ganhos importantes no mercado de trabalho, esses efeitos são pequenos, quase inerciais, em se tratando da divisão sexual do trabalho doméstico e de atividades de cuidado, com as mulheres se responsabilizando por larga parcela das atividades domésticas. Aqui talvez esteja o mais importante ponto de inflexão nesse 'balanceamento': a estrutura recorrente e pouco plástica da divisão do trabalho doméstico, mesmo em face das mudanças no mercado de trabalho.
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A divisão sexual do trabalho, distinguida a partir da rubrica 'trabalho produtivo versus trabalho reprodutivo', reduziu este último à invisibilidade, e o fez, também, por meio da naturalização do trabalho doméstico. Este foi transformado, de certo modo, em extensão corporal 'inata' e pessoal de um grupo de seres humanos: as mulheres.
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- May 2021
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o Professor Kol’tsov falou sobre a eugenia, a ciência de preservação e promoção da saúde da humanidade.
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