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  1. Mar 2021
    1. Fora isso, a identificação do professor com o opressor e as revoltas contra docentes fazem com que se gaste tempo e energia atacando pessoas que, na maior parte das vezes, são aliadas dos alunos e lutam pelas mesmas bandeiras que eles, a começar pela defesa de uma universidade pública mais justa, inclusiva e democrátic

      Isso é o que mais dói; uma parte considerável dos conflitos dentro da universidade são fogo-amigo...

    2. A despeito de variações que possam ocorrer nas diferentes instituições e áreas de conhecimento, há em geral, entre professores universitários, uma sub-representação de grupos discriminados e oprimidos por razões raciais, étnicas, religiosas, de gênero, de sexualidade ou de classe. Como muitos alunos são afetados por essas discriminações, não é de estranhar que alguns vejam seus professores como sujeitos privilegiados e dotados de grande poder.

      Boa percepção.

    3. É também corriqueira a impolidez de pós-graduandos brasileiros, que não agradecem a seus orientadores por esforços que foram muito além de suas obrigações, não pedem desculpas por falhas que cometem e exigem reuniões, atestados e assinaturas, amiúde com prazos impraticáveis, em vez de pedi-los com boa antecedência e de forma cortês, como se espera em interações com professores, colegas, amigos e… prestadores de serviços.

      A crítica precisa ser bidirecional aqui, é um problema mais amplo que apenas os pós-graduandos.

    4. No meio da pandemia, um pós-graduando – bolsista com dedicação exclusiva – enviou uma mensagem de última hora a seu orientador, dizendo que não participaria de uma reunião online de seu grupo de pesquisas porque estava cansado.

      Muitas dinamicas distintas atrás desse tipo de situação. A bolsa é um compromisso com a instituição de fomento; a instituição de fomento tem um compromisso com a sociedade civil. É assustador o quanto esses compromissos conflituam, na prática, com as regras estabelecidas em certos ambientes de pesquisa. A exigencia de trabalho por parte dos alunos além de horários de trabalho é uma causa frequente de cansaço na pós-graduação. Digo trabalho, e não estudo, pois uma parcela considerável é imposta. Pode ser entendido como estudo sob uma perspectiva de aprendiz, "passar aperto" para aprender. Mas quaisquer objetivos maiores (em termos de telos da instituição e da sociedade) se misturam com os objetivos de carreira dos orientadores, que nem sempre se alinham com a universidade. Volta e meia temos um suicídio na USP, e o assédio moral sistemático na academia é bem documentado. Pós-graduação stricto sensu e graduação são cursos de natureza distinta, é escorregadio analisar como um pacote.