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  1. May 2023
    1. Hoje, é o mundo que se banha em um oceano de imagens. Nosso mundo real, material e único; tecido e transbordado por imagens reais, imateriais, numeradas (constituídas de números), inumeráveis. Para observar o cinema contemporâneo é preciso inscrevê-lo no contexto desse exponencial aumento quantitativo e qualitativo da potência das imagens, interrogar o papel que ela desempenhou e continua a desempenhar.

      "Fellini disse certa vez que a televisão criou uma nova geração de espectadores que ele considerava arrogantes, autoritários, neuroticamente impacientes. A capacidade de mudar de canal a qualquer hora, o que aniquila a narrativa, de prosseguir à procura de uma coisa a mais (a ideia de que imagens que eu não estou vendo estão sendo exibidas em outro lugar é intolerável), originou espetáculos de fogos de artifícios que jorram das pontas dos dedos. O mágico controle remoto nos dá a ilusão de que essas imagens nos pertencem, de que temos poder total sobre elas, de que não existiriam sem nós. Essa impaciência, nunca poderia ser satisfeita ou mitigada, pois não conseguimos fixar nossos olhos numa imagem antes de eliminarmos o filme a que estávamos assistindo, assim como não podemos pronunciar duas palavras ao mesmo tempo." Jean-Claude Carrière