- Oct 2015
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Há aqui uma confusão: pois uma coisa é o nome da letra, outra é o valor fonológico dessa letra. Eis outro exemplo: o professor diz à criança que “cê” com “a”produz “ca”.
Que coisa. Eu com 6 anos percebi isto. Será que a professora disse? Talvez. Talvez tenha dito "esta regra não se aplica direitinho a todas as letras", mas talvez não tenha dito nada. Eu, no entanto, me lembro perfeitamente de ter consciência de que a regra funcionava, mas de que havia exceções.
O mais importante, porém, é saber como eu adquiri essa consciência. Acredito, hoje -- mas aí já é difícil dizer se isto é verdade ou não --, que quando me ensinaram a técnica do b com a, ba, eu já sabia ler e não tinha me dado conta ainda, ou aprendi mais ou menos imediatamente.
A hipótese pessimista é de que eu aprendi a ler simultaneamente ao ensino da técnica, o que, diriam alguns equivale a dizer que eu aprendi com a técnica. Não me parece que seja o caso: como eu poderia ter aprendido com a técnica e, imediatamente, durante o próprio ensino dela nas aulas do segundo andar com janelas grandes da Escola Bumba-Meu-Boi, eu já ter capacidade de julgar o próprio ensino e complementar a regra que me era apresentada com ressalvas sobre as suas exceções?
A conclusão é que eu aprendi a ler, mas não por causa da técnica. Ou: eu aprenderia a ler indo à escola ou não.
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