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  1. Mar 2021
    1. Para estigmatizar tal cientista natural como um idealista é tão insensato e inapropriado como é inapropriado (e prejudicial para a revolução) envergonhar publicamente o camponês analfabeto e oprimido que reza para Deus pela chuva por chama-lo de aliado ideológico da ordem burocrática da nobreza aterrada, um ideólogo da reação. Mas um padre – essa é uma questão diferente. E não algum patético padre de vilarejo que compartilha com o camponês suas superstições ingênuas, mas um padre educado que sabe Latim e lê Tomás de Aquino, e talvez até mesmo Kant – um padre do status de Berdiaev – ele é o inimigo profissional do materialismo e revolução, o parasita que se alimenta da ignorância e superstição.

      Isso não significa, afinal, que é necessário estigmatizar um povo religioso, tanto que é humanamente inapropriado (e prejudicial para a revolução) envergonhar publicamente um trabalhador oprimido que reza a qualquer deus ou orixá para que seu baixo salário o permita pagar suas contas, nem mesmo que o consideremos um ideólogo da reação. Mas um padre, pai ou mãe de santo, a questão é diferente. E não fala-se aqui de um padre, pastor ou pai de santo de bairros populares que compartilha fielmente das mesmas crenças e superstições ingênuas dos moradores, mas um padre, pai de santo ou pastor educado que compreende a essência dos fenômenos dos acontecimentos e das contradições que se manifestam, estes são inimigos profissionais do materialismo dialético e da revolução, são esses os parasitas que se alimentam da ignorância e da superstição.

      Porém, há de se reconhecer que o capitalismo se reproduz de diversas formas, da grande produção à pequena produção, não apenas de mercadorias, mas também de costumes, de superestruturas mínimas e nocivas. Essa pequena reprodução se manifesta diretamente no que expressamos em frases, imagens, ideias e sutilezas que manifestamos ao longo do dia a dia.

    2. É por isso que Lenin – um Comunista e um Revolucionário – tão violentamente odiava a “futilidade espiritual” de todas as sortes, todos os tipos – desde o doce Cristão até os esforços “doces e falsos” dos “criadores de deus” e “seguidores de deus”.

      Lênin, como exemplo máximo de um comunista revolucionário, segundo o filósofo soviético Ilyenkov, odiava qualquer manifestação direta da "futilidade espiritual" de todas as formas. Desde o doce exemplo do Jesus Cristo, do "Jesus socialista" que "repartia o pão", até os esforços "doces e falsos" dos "criadores de deuses" como os saudosistas que se esforçam por assimilar a imagem da rica e diversa cultura brasileira às imagens dos Orixás, dos "pais e mães de santo", das "Iemanjás e as sete ondas", "Ogum e sua batalha diária", ou mesmo da assimilação de tradições indígenas com o fim do "retorno às tradições originais" antes da colonização e castração dos povos originários de seu "real" modo de vida. Todos esses elementos saudosistas têm seu caráter reacionário, pois ignoram a dialética como “consideração pensante dos objetos”, seja de quaisquer que sejam seus objetos. Aqui, religiões historicamente oprimidas por outras religiões que, no passado, eram historicamente oprimidas.

  2. Apr 2018
    1. Entre o sexto e o quarto século AC, um homem chamado Sidarta Gautama começou a virar a cabeça da população no leste da Índia, com sua profunda sabedoria espiritual. Ele recebeu o nome de “Buda”, que significa literalmente “o iluminado”, e até os dias de hoje, nos chegam muitos insights de seus ensinamentos.
  3. Jan 2016
    1. aqui Roger Scruton fala de "sentimento religioso" e "religião formal" como formas da pessoa tomar consciência da parte falta a este mundo e experimentar algo dela, ao invés de, perdido sem saber que falta algo e onde está essa coisa que falta, fica histérico, vivendo a modinha do momento.


      será que isto é a mesma coisa que o "viver no presente" da Pollyanna?

  4. Aug 2015
    1. graça versus obras.

      enquanto nós não encontramos nosso "verdadeiro Eu", diferenciando-o de todas as nossas vozes psíquicas, nós somos maus.

      fazer boas obras, fazer o bem, não resolve esse problema. é por isto que não existe salvação pelas obras. claro que fazer o bem pode atrair para nós a misericórdia divina, mas o problema fundamental é outro.

      a graça, talvez, seja aí a parte em apenas Deus, através de nossa dedicação individual e total a um projeto que foi estabelecido por Deus (daí vem a necessidade da religião revelada), nos concede essa diferenciação e identificação com nosso verdadeiro Eu.

    1. Um sujeito pergunta sobre o "não matarás" e a necessidade, talvez, de ter matado Hitler. Gugu responde que os mandamentos servem como referência para quando você não tem como avaliar a bondade e a necessidade de um ato ("se você não sabe o que fazer, não matarás"). Gugu lembra também que no mesmo dia do mandamento "não matarás", Moisés mandou matar 10 mil que estavam adorando o bezerro de ouro.

      Vem uma mulher toda séria e talvez até um pouco assustada com aquilo, e ela comenta:

      -- Mas com o advento de Jesus, entra o período da graça, e nós não podemos julgar se é um bem matar ou não. Nós não podemos julgar. Não cabe a nós julgar.

      -- Claro que nós podemos! Não cabe a nós julgar se o sujeito vai pro inferno, vai pro céu, mas é claro que cabe a nós!

      -- Você matá-lo?

      -- Claro que sim!

      -- Eu não posso julgar, não posso condenar ninguém à morte.

      -- Como não? Cadê? Onde que tá isso no Evangelho? Não tá isso lá.

      -- O julgamento pertence a Deus.

      -- O julgamento pertence a Deus! O tiro na cabeça às vezes pertence a nós.

    1. mulher fazendo as perguntas "normais" para o Gugu sobre determinismo e livre-arbítrio.

      são abordadas coisas como se Deus quer ou não que nasça uma criança pobre em uma favela, se Deus tem culpa das coisas ruins que as pessoas fazem, e aquela coisa de Deus criar o ambiente, as leis cósmicas, e então das às pessoas o livre-arbítrio para agir como elas quiserem ali dentro, e a partir daí Deus não manda mais nada.

      todas as perguntas são feitas ao estilo "eu entendo que as coisas são assim". e depois de uma das respostas do Gugu a mulher diz "eu entendi, mas não concordo".